segunda-feira, 6 de junho de 2016

O maior desafio das igrejas cristãs da atualidade.



Como seria possível falarmos de crise das igrejas evangélicas no Brasil,  quando a mais recente pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstrou que o número de evangélicos no Brasil cresceu 61% nos últimos dez anos, o que representaria cerca de 16 milhões de novos cristãos?Sendo que em 2000, os evangélicos eram 15,4% da população e em 2010, chegaram a 22,2%, ou seja, foram de 26 milhões para 42 milhões de pessoas. Segundo o pesquisador do IBGE, Cláudio Crespo, houve um crescimento bastante expressivo nas diversas regiões do país, abrangendo todas as camadas da sociedade.
Poderíamos falar de crise, quando, segundo publicações recentes, baseadas em análise do chamado “mercado gospel”, a partir de dados recentes levantados pela Receita Federal, afirma-se que diariamente as igrejas do Brasil arrecadam R$ 60 milhões, num total de R$21,5 bilhões por ano. Ainda, segundo o Correio Brasiliense a estimativa é que sejam abertas 14 mil igrejas evangélicas no Brasil a cada ano. A grande maioria dessas igrejas não são devidamente registradas, com um CNPJ. Se considerarmos apenas as que fizeram o registro, em 2013 foram 4400. Ou seja, a média é de 12 igrejas novas por dia; uma a cada duas horas. Os dados são do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, que monitora a abertura de empresas de todos os tipos no país.
Embora seja difícil fazer tal estimativa, pode-se facilmente afirmar que a maioria são igrejas neopentecostais. Afinal, este é o movimento que mais cresce no país, onde aproximadamente 60% dos evangélicos são de linha pentecostal. É igualmente verdade que muitas dessas igrejas não duram mais que alguns anos.
Diante de todos esses números, que impressionam, seria no mínimo incoerente, afirmarmos que vivemos numa grave crise espiritual e em tempo de crescente apostasia. Infelizmente os números não passam de falso engano. As igrejas têm se tornado cada vez mais atrativas ao mundo, não pela Verdade do Evangelho, mas, porque cada vez mais têm se assemelhado com o mundo. As igrejas  têm atraído cada vez mais as membros, pois, não lhes são exigido quase nada, para em troca receberem, “prosperidade na terra e a vida eterna no céu”. Há grande esforço de algumas lideranças evangélicas em agradar o público, não há confronto com o pecado. Há grande empenho na manutenção de seus congregados, partindo do princípio da tolerância. Todas as características culturais desta sociedade pós-moderna têm pressionado as portas das igrejas, batido como rajadas de vento, ameaçando adentrarem, trazendo consigo o materialismo, o hedonismo o individualismo, que caracterizam uma vida distante dos preceitos bíblicos. Muitas igrejas fragilizadas pela ausência da Palavra, têm sofrido com a secularização. E, quando isso acontece, a autoridade da Bíblia desaparece.
Aqui está o ponto central da crise espiritual. Igrejas que abandonaram a autoridade das Sagradas Escrituras. Os púlpitos estão cada vez mais áridos, secos, dos ensinamentos Bíblicos. É cada vez mais comum pregações vazias. Pois se não é a Palavra de Deus que está sendo ensinada, qual é o proveito da mensagem? Muitas igrejas preenchem o tempo de seus cultos, com os mais variados entretenimento e abandonam o ensino da Bíblia.
O ensinamento das Escrituras Sagradas também está sendo substituído pelas “revelações secretas”, autossuficientes, experiências subjetivas. Igrejas têm sido bombardeadas dia e noite pela proposta de um “cristianismo exotérico”. São muitos, aqueles que se auto proclamam cristãos, que procuram a voz de Deus em muitos lugares, menos na Bíblia, quem não a lê não ouve a Palavra de Deus. “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela Palavra de Cristo.” (Rm 10.17). Falsos mestres, têm levado consigo muitos ao erro. Igrejas que não estão alicerçadas na Palavra de Jesus, tornam-se alvos fáceis de doutrinas estranhas, ensinos afastados da verdade dos evangelhos. Pedro em sua segunda carta, capítulo 2 e os versos de 1 a 3 afirma: “Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras...e muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias...”
A Bíblia é a única e genuína revelação de Deus, ela normatiza, outras revelações não são possíveis, posto que a Palavra de Deus revelada e escrita foi completada, a Bíblia não está incompleta, não tem falha, ela é suficiente, infalível e inerrante. (...) “porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens (santos) falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (II Pe. 1.21)
Vejamos o conselho de Paulo a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as Sagradas letras, que pode tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (II Tm. 3.14 – 17).
Timóteo era pastor da igreja de Éfeso, e movido por grande zelo, Paulo escreve esta carta a ele, com o propósito de encorajá-lo no seu ministério e orientá-lo quanto ao combate aos falsos mestres, a igreja enfrentava sérios problemas, era grande a pressão cultural de uma cidade progressista, avançada, imoral, que cultuava a deusa Diana. Os versos de 1 a 5 do capítulo 3 de II Timóteo, descrevem aquilo que o jovem pastor estava enfrentando. Timóteo precisaria reafirmar a  autoridade da sã doutrina que fora ensinada por Jesus e seus apóstolos e enfrentar os falsos ensinos que permeados da libertinagem cultural da sociedade de Éfeso, invadiam sorrateiramente a igreja. Qual seria o grande perigo para aquele jovem pastor? Seria a tentação de livrar-se daqueles problemas da maneira mais fácil, que seria a de adequar às necessidades do contexto da sociedade, ou seja, tornar a igreja “agradável”. Mas para fazer isso teria que abrir mão da Palavra, da sã doutrina. Qual é o conselho de Paulo? “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste...”
Mas, quantas denominações capitularam tanto ao misticismo quanto ao liberalismo e para adaptar-se “aos novos tempos” abandonaram a sã doutrina? Cederam às pressões externas de uma cultura social progressista e imoral, mais fácil foi abandonar a Palavra da Verdade, do que confrontar e sofrer oposições.
“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se as fábulas.” (IITm. 4. 3,4).   
        Reafirmar a autoridade das escrituras é o maior desafio e necessidade das igrejas que não se contaminaram com o secularismo. Muitas destas igrejas e denominações que se multiplicam na atualidade, crescem sem compromisso com a verdade e com a santidade.
        É responsabilidade dos cristãos que fazem parte da Igreja de Cristo a defesa da fé. “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos a cerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas v.3). O termo “fé” ao qual Judas se refere são as verdades que nós cristãos cremos e ensinamos, ou seja, a fé concreta, ou ainda “doutrinas”.
“Está claro que existe um corpo ou sistema fixo e objetivo de verdade que foi revelada por Deus em Sua Palavra, a Bíblia, e que este corpo de verdade é o alicerce da Igreja Cristã (I Co. 3.10; Ef. 2.20), e que foi confiado a nós como mordomos de Deus (II Tm. 1.13-14; I Tm. 1.11; I Co. 4.1-2).
O conteúdo deste corpo ou sistema de verdade – que nós como crentes devemos estudar, compreender, crer, guardar e ensinar – é chamado nas Escrituras de várias formas: a Fé (II Tm. 4.2), a Verdade (I Tm. 3.15), a Palavra (II Tm. 4.2), o Evangelho (I Tm. 1.11) e a Doutrina ou Ensino (I Tm. 6.3). Estes nomes são utilizados muitas vezes e referem-se basicamente ao mesmo fato – de que existe um corpo de verdade que foi revelado a nós, e que tudo que cremos e fazemos precisa estar nele alicerçado”  (Sam Doherty)
                                                           
O conselho de Judas é que os Cristãos deveriam CONTINUAR, ensinando a respeito da fé, ou seja, o conjunto de doutrinas as quais Jesus confiou aos apóstolos e que estes ensinaram aos cristãos. O termo “batalhar diligentemente” significa literalmente “perseguição de um objetivo de modo a evitar distração, desvio”.
        Devemos ensinar a sã doutrina do Evangelho e combater os falsos ensinos. Esse é o ministério da Igreja de Cristo. Para isso precisamos conhece-las, e como conheceremos se não através do estudo e da meditação diária das Sagradas Escrituras. Nós como igreja precisamos batalhar diligentemente no ensino das doutrinas Bíblicas, às nossas crianças, aos nossos jovens, para que estejam preparados na defesa da fé, Timóteo conhecia as doutrinas Bíblicas desde a infância, portanto, toda a igreja deve está sedimentada na Verdade. O Senhor Jesus ordenou que ensinássemos sua doutrina (Mt. 28.19-20), seus apóstolos as ensinaram (At. 5.21, 25, 28 e 42) e nos deixaram a incumbência de prosseguirmos esta tarefa (I Tm. 3.2; 4.13 e 16; II Tm. 4.2; Tt. 1.9) a igreja primitiva estava alicerçada nela (At. 2.41 e 42).
        A Verdade Bíblica não pode ser alterada ao sabor das mudanças culturais, portanto, cresçamos no conhecimento da Verdade (fé, doutrina), sejamos ministros da salvação, defendendo a Fé a qual nos foi revelada pela Palavra Divina escrita e resgatemos aqueles cuja fé esteja vacilante. “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-vos, arrebatando do fogo...” (Judas vs. 21 e 22)