quinta-feira, 15 de março de 2018

SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO APLICADA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL


Observação: Iniciei esse texto para tratar a respeito de sistemática de avaliação aplicada na Escola Dominical. Implantamos na nossa Escola Dominical uma sistemática de avaliação, que têm sido aplicada com esmero pelo corpo docente. Somos gratos ao Senhor pelos frutos do empenho de cada um. Um dos resultados mais visíveis é que nossas crianças cresceram e hoje são jovens e continuam perseverando na fé. Realidade diferente de muitas igrejas que por negligenciarem a educação cristã, suas crianças ao crescerem, saem da igreja. Breve estarei publicando o restante do texto. 

SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO APLICADA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
1.      Conceituando avaliação
  A EBD apesar de se diferenciar em muitos aspectos das escolas convencionais, ela têm como principal elemento a construção de um processo de ensino e aprendizagem assim como qualquer instituição educativa, portanto, ela precisa estabelecer métodos avaliativos que possibilitem o cumprimento do seu propósito, ou seja, o ensino da Palavra de Deus. Como podemos saber se estamos sendo eficientes no ensino das Sagradas Escrituras, se não tivermos mecanismos eficientes de averiguação do aprendizado do aluno da escola dominical. No entanto, cabe ressaltar que a avaliação de conhecimento, constitui-se em apenas um dos elementos inserido no processo de avaliação.
 Para um maior entendimento do que representa a avaliação no processo de ensino e aprendizagem, a importância que sua aplicabilidade trás para um resultado satisfatório, faz-se necessário ter previamente a compreensão conceitual do que é o ensino.
 A palavra “ensinar” vem do latim “insignare” que significa “mostrar como fazer”, observe que a expressão denota ação, tanto do educador como do educando, o aluno só aprende quando ele é ativo em seu pensamento e quando ele é estimulado a pensar e a reagir, ou seja, ele  se torna um descobridor por si mesmo. Ensinar e aprender não é meramente transmitir e receber informações, mas, é a realização e aquisição de mudanças de comportamentos, cognitivos, afetivos e sociais. O apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos capítulo 6 e verso 17 diz: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, vieste a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues”. Observa-se neste verso que a mensagem do Evangelho foi direcionada ao intelecto, “a forma de ensino a que foste entregue”; ao emocional, “obedecer de coração” e à vontade, ou seja, ao comportamento daqueles que ouviram o ensinamento, “vieste a obedecer”, portanto, o ensino é direcionado ao aluno como um todo, só podemos afirmar que houve aprendizagem se as verdades ensinadas alcançaram a mente, o coração e a vontade do aluno.  
 Partindo deste pressuposto podemos afirmar que a avaliação não se restringe ao ato de averiguar a quantidade de informações retidas pelo aluno.  Talvez grande parte dos docentes da escola dominical tenham a concepção de que a utilização das atividades que veem nas revistas do aluno, por si só, constitui-se em processo avaliativo, restringindo assim a concepção de avaliação a uma mera checagem de informações absolvidas pelo aluno. Mas, o processo avaliativo constitui-se em algo mais complexo e abrangente, daquilo que se convencionou nas salas de aula. A avaliação é um processo contínuo e permanente no trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem, ela se dá no início, durante e no final de cada período de estudos (trimestral ou quadrimestral).  Através dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias, daí a função diagnóstica da avaliação: superar dificuldades e corrigir falhas.
            Sendo assim, avaliar é compreender até que ponto o conhecimento transmitido tem atuado de forma progressiva na mente e no coração do aluno de modo a resultar mudanças, quais os elementos impeditivos na concretização destes resultados, quais as medidas necessárias para eliminar os obstáculos e possibilitar o alcance dos objetivos propostos. Partindo deste pressuposto, entendemos que avaliar os resultados supõe também que exista uma metodologia adequada de coleta de informações que, evidentemente, precisam ser objetivas, e que, levando em conta os aspectos físicos e humanos de cada escola dominical devem ser definidos, de modo a cumprir as ordenanças de Deus. “Ajuntai o povo, os homens, as mulheres, os meninos e o estrangeiro que está dentro da vossa cidade, para que ouçam, e aprendam, e temam o Senhor, vosso Deus, e cuidem de cumprir todas as palavras desta lei; para que seus filhos que não a souberem aprendam a temer o Senhor, vosso Deus...” (Dt. 31:12,13). “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado...” (Mt. 28:19.20).  
Nosso intuito é trazer uma proposta de sistematização do processo avaliativo para nossas Escolas Bíblicas Dominicais, partindo da concepção de que o processo de avaliação está vinculado ao processo de ensino-aprendizagem, e que ignorá-lo constitui-se em fator determinante para o fracasso do ensino na escola dominical. Não podemos ensinar sem nos preocuparmos se de fato nossos alunos estão aprendendo, um professor que na sua prática docente, não utiliza nenhum tido de mecanismo para averiguação da aprendizagem de seu aluno, demonstra falta de compromisso no ministério do ensino. É melhor que não assuma tal tarefa do que a faça de forma relaxada, pois um professor da EBD não ensina simplesmente matéria, mas, ensina para a eternidade, um professor com compromisso muda o curso da eternidade de uma criança, de um jovem ou de um adulto, um professor sem compromisso com o ensino, está tirando de uma criança a oportunidade da salvação. Isso é grave! Vejam o conselho do apóstolo Paulo para o jovem Pastor Timóteo, no que concerne ao ensino. “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (I Tm. 4:16).
A implantação de uma sistemática de avaliação nas classes da escola dominical inicia-se com a definição de seus critérios, o professor deve ter bem definido quais os aspectos que serão avaliados, assim como o aluno precisa compreender de forma objetiva no que está sendo avaliado. Antes de traçarmos estes critérios, precisamos ter a compreensão do que é avalição, pois é a partir desta conceituação que vislumbramos os critérios de avaliação para nossos alunos. Assim sendo, tendo como base aquilo que já foi discorrido podemos resumir o seguinte conceito – “Avaliar é compreender até que ponto o conhecimento transmitido tem atuado de forma progressiva na mente e no coração do aluno de modo a resultar mudanças, identificar quais os elementos impeditivos na concretização destes resultados e definir quais as medidas necessárias para eliminar os obstáculos e possibilitar o alcance dos objetivos”.
Observa-se três aspectos: checagem (averiguação), diagnóstico e tomada de decisão. Assim sendo, compreendemos que primeiro obtemos informações, estabelecemos dados, criamos instrumentos de verificação, atitudes investigativas, para sabermos se houve aprendizagem, compreensão e  consequentemente mudanças. A partir desses dados haverá a possibilidade de identificarmos elementos que dificultam ou impedem o alcance dos objetivos propostos. E, finalmente, tendo o professor conhecimento das problemáticas relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem, possibilitará ao mesmo, a tomada de decisões e o encaminhamento de medidas para solucioná-los, ou seja, superar dificuldades e corrigir falhas.

2. Estabelecendo critérios
Os critérios a serem estabelecidos estão relacionados aos objetivos, o que em primeira instância, portanto, deve ser avaliado, são os objetivos que previamente foram  estabelecidos. O que vamos analisar está relacionado a primeira parte do nosso conceito de avaliação, ou seja,  “compreender até que ponto o conhecimento transmitido tem atuado de forma progressiva na mente e no coração do aluno de modo a resultar mudanças”

2.1.            O que eu pretendo alcançar? Quais os meus objetivos?
No processo de ensino a avaliação sempre se justifica em função dos objetivos previstos, os quais vão nortear o processo de ensino-aprendizagem, que se define o que eu quero que meus alunos saibam, sintam e façam. Os objetivos de uma lição constitui-se na base da construção do conhecimento. É a partir deles, que o professor delineia todo seu planejamento, portanto, o primeiro ponto a considerar na avaliação é o alcance destes objetivos.  
 Apesar das revistas editadas para as escolas dominicais, trazerem já definidos os objetivos para cada lição, é imprescindível que cada professor faça uma adequação destes, levando em conta as especificidades de sua classe, posto que, aquilo que é essencial para um grupo de alunos, não será da mesma maneira essencial para outros. Sugiro que estes objetivos tenham como fim responder as três questões já citadas anteriormente.
 Sendo assim, temos definido o primeiro critério de avaliação que o professor deve basear-se no planejamento de sua sistemática avaliativa.  
2.1.1.  Primeiro, o que eu quero que meus alunos saibam, este está relacionado ao intelecto, a memória dos alunos, quais as informações que desejo que fiquem retidas em suas mentes. Este, talvez seja, o aspecto mais “fácil” de ser avaliado, tendo muitas possibilidades de averiguação.
 Um professor pode verificar o quanto seus alunos assimilaram das verdades por ele apresentadas através de perguntas orais, dinâmicas e brincadeiras, jogos educativos e testes escritos. Utilizo todos, não numa única aula, posto que, isto é humanamente impossível, mas, a variação traz mais dinamismo para as aulas, as tornam mais interessantes. As atividades lúdicas por exemplo é um recurso didático muito eficiente, principalmente nas classes infantis, possibilitam situações em que haja uma interação maior entre os alunos e o professor numa aula diferente e criativa, sem ser rotineira. Através das atividades lúdicas o aluno acaba sendo desafiado a produzir e oferecer soluções às situações-problemas apresentadas pelo professor através de jogos, brincadeiras e dinâmicas. Esse tipo de atividade constitui-se numa excelente oportunidade do professor fazer um diagnóstico da aprendizagem dos alunos, rever conceitos e projetar alvos.
Verificar o quanto o aluno reteve daquilo que foi apresentado na aula, das informações que lhes foram repassadas, pode ser feita de muitas maneiras, como já foi citado; inclusive, também fazendo uso das atividades que são oferecidas nas próprias revistas do aluno. Pretendo ressaltar aqui dois aspectos, primeiro é que esta checagem, deve fazer parte do plano de aula de cada domingo, ou seja, todos os domingos o professor deve usar alguns minutos do seu tempo com seus alunos, utilizando-se de recursos variados para avaliar o aprendizado, sendo que, também, todas as vezes que o professor avalia o quanto seus alunos aprenderam, ele também estará avaliando, o quanto seu desempenho na aula foi eficiente, portanto, neste aspecto o professor deve criar momentos de averiguação do conhecimento, tornando-os dinâmicos e significativos e principalmente parte da rotina da aula. O segundo aspecto é que quando se fala de avaliação muitos autores falam da avaliação formativa e somativa, não pretendo aprofundar-me nesta questão, mas esclarecer que esta checagem de conhecimento ela pode ser feita das duas formas. Quando afirma-se que a avaliação deve ser contínua, estou me referindo a avaliação formativa, ou seja, todos os momentos de interação que ocorre na sala de aula, seja, através de atividades dialogadas, escritas, dinâmicas, perguntas e questionamentos, está-se garantindo a oportunidade de avaliar vários aspectos.  Aqui o professor é um observador, é a partir dessa observação que o professor fará “juízo de valores” quanto a evolução e crescimento de seus alunos. A partir do momento que se resolve registrar, valorar, alguns aspectos do aluno e seu aprendizado, temos aí o aspecto somativo, que necessariamente não precisa ser numérico, pode ser conceitual, ou seja, ao final de um programa de ensino define-se um conceito ou uma nota. Essa é a forma convencional utilizada nas redes públicas de ensino ou instituições educacionais. Na escola dominical de minha igreja incentivamos a aplicação tanto da avaliação formativa, quanto da avaliação somativa, sendo que esta última iremos falar mais adiante, trazendo algumas sugestões.
Ainda relacionado ao aspecto cognitivo, ou seja, a memória do aluno, quero fazer referência a memorização de versículos, uma prática tão importante, mas, que vem sendo abandonada nas nossas escolas dominicais. A memorização de versículos deve ser incentivada, precisamos incutir na mente de nossos alunos a Palavra de Deus, mesmo que as vezes, eles não venham a compreender hoje na sua totalidade, mas, o Espírito Santo poderá vir a esclarecer nas suas mentes futuramente. Não podemos negligenciar o ensino das Sagradas Escrituras, mesmo porque, eles são bombardeados diariamente com a filosofia do mundo, que é acima de tudo anticristã, os desenhos animados, por exemplo, aparentemente inofensivos, são os mais eficientes canais condutores desta filosofia maléfica, se vê claramente o ateísmo, o misticismo, o ocultismo, o panteísmo na essência das animações, seus heróis são autossuficientes, poderosos em si mesmo, quem são os heróis de nossas crianças? Homem-aranha, Super-men, Bátima, ou é Jesus? Infelizmente, crianças de nossas igrejas, falam, brincam e vestem esses personagens. Os pais compram fantasias, máscaras e brinquedos destes personagens, eles assistem repetidamente os mesmos desenhos, observa-se que nunca é menciona, ou se faz alguma referência a Deus, em nenhum desenho animado. A mente de nossas crianças devem estar saturadas com as Sagradas Escrituras, de modo que sejam blindados contra a filosofia do mundo.   “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.” (II Tm.3: 14 e 15)  
Sam Doherty em seu livro “Os princípios do Ensino” afirma que ao ensinar uma criança, as lições não devem ser estudadas apenas uma vez, pois, o que for visto repetidamente, se tornará parte do conhecimento de alguém, e será permanentemente relembrado e utilizado. Ele, ainda, traz o seguinte relato de Charles Spurgeon.
“Charles Spurgeon contou a história de uma visita que ele fez quando menino ao seu avô fazendeiro. Ele olhava seu avô trabalhar nos campos e estava especialmente interessado em ver seu método de plantar ervilhas. Em cada buraco cavado na terra, o avô colocava três ervilhas. Isso deixou o jovem Charles curioso, e perguntou ao seu avô porque ele devia colocar três ervilhas em cada buraco, quando esperava que apenas uma delas crescesse! Não era desperdício?
Seu avô respondeu: __ Uma ervilha é para os pássaros; uma é para as minhocas e a terceira irá crescer.
Quando Charles Spurgeon falou aos seus professores de Escola Bíblica, ele aplicou esta verdade a eles. Ele disse que eles precisavam semear verdades inúmeras vezes. Uma “semente” pode ser removida pelos “pássaros do céu” Satanás atrapalha constantemente as crianças de ouvirem e compreenderem a verdade de Deus. Uma semente pode ser devorada por “minhocas”. A fragilidade da mente humana faz com que ela vagueie e não aprenda o que acaba de ser apresentado. A terceira semente é a verdade que é recebida, compreendida e que crescerá.”
Não estou aqui defendendo que o professor têm que dar por vários domingos a mesma lição, mas, o que quero ressaltar é a importância de estar revendo as verdades ensinadas nas lições por várias vezes, desafiando nossos alunos a aplicarem em suas vidas as verdades bíblicas. A prática constante de rever lições, possibilita ao professor avaliar o quanto seu aluno tem compreendido daquilo que foi ensinado. Sempre antes de iniciar uma nova lição eu sempre faço uma revisão da lição anterior, e geralmente utilizo algumas atividades lúdicas para tornar esse momento mais interessante. 

Listas de Verificação ou Lista de Checkagem

Temos aqui alguns modelos que foram utilizados nas nossas classes da EBD. Dependendo dos objetivos estabelecidos os professores definem os critérios a serem avaliados. Levando-se em conta também a faixa etária da turma.


Este modelo foi utilizado na classe do Jardim de Infância (4 e 5 anos). Correspondem a 16 lições, daí constarem dezesseis espaços. A professora definiu neste quadrimestre apenas três aspectos: a frequência, a participação dos alunos do decorrer das aulas e as tarefas de casa. De acordo com o resultado de cada domingo, o aluno recebe um carimbo no espaço, constando a data.  Essas fichas são entregues aos responsáveis, juntamente com todos os trabalhinhos no dia do plantão pedagógico da EBD.


Esta ficha foi utilizada na classe dos juvenis (9, 10 e 11 anos). Observem que aqui a professora utilizou os critérios de acordo com os projetos que ela desenvolveu com a turma, além daqueles que é levado em conta nas nossas turmas como a frequência, as tarefas para casa, ela acrescentou leitura bíblica que é proposta pela própria revista, versículos para memorização e testes de conhecimento. Ela ainda estabeleceu para contar na avaliação do aluno o fato destes terem zelo com suas revistas e não deixarem de trazer suas Bíblias para a classe. E como nota extra a participação e desafio da semana. Todos esses critérios foram definidos a partir dos objetivos, assim como um diagnóstico prévio da turma.





Essas fichas foram utilizados na classe do maternal. Cada uma delas trás um aspecto a ser avaliado, nos espaços são coladas figuras (exemplo a ficha referente a frequência, é colado uma estrela). No final do quadrimestre, todas as fichas, assim como, os trabalhinhos ganham uma bonita capa e são entregues individualmente a cada aluno.



Temos aqui dois modelos de ficha individual de avaliação que foram utilizadas na classe dos adolescentes.

Avaliações e atividades para classe dos adolescentes



Ao final de pelo menos três lições estudadas, submeto meus alunos a algumas atividades para avaliá-los, quanto a compreensão das lições estudadas em classe. Essas avaliações não são longas e são interpretativas e consultadas. Dou a eles a oportunidade de buscar as respostas nos textos bíblicos indicados em cada comando. Isso reforça o fato de que todas as verdades que estudamos na EBD estão fundamentas nas Sagradas Escrituras, a Bíblia é a fonte de todos os fundamentos ensinados. Isso também dá a eles a oportunidades de buscar na Bíblia respostas de questões diversas, relacionando-as a si mesmo.