EBD: Educação que produz Vida
Esse blog foi criado para todos aqueles que militam na seara do Mestre,e sentem a necessidade de compartilhar suas experiências como educador cristão.
sexta-feira, 12 de março de 2021
sábado, 17 de outubro de 2020
terça-feira, 22 de setembro de 2020
A Ressurreição de Lázaro (Uma confissão de fé)
O segundo relato é
narrado em João 11.1-47. Lázaro, irmão de Marta e Maria, ficou gravemente
enfermo e as duas irmãs enviaram uma mensagem a Jesus para que fosse a Betânia,
a fim de curá-lo. Cristo então declarou que a enfermidade de Lázaro era “para a
glória de Deus, para que o Filho de Deus seja por ela glorificado” (v.4)
2) Uma
confissão de fé
Encontramos no
capítulo 11 do evangelho de João o relato surpreendente de mais um milagre
realizado por Jesus, essa narrativa trás vários desdobramentos, assim como
ensinos profundos a respeito da pessoa e do caráter de Jesus. Vamos ao texto da
narrativa:
1. Ora, estava enfermo um homem chamado Lázaro, de Betânia,
aldeia de Maria e de sua irmã Marta
2. E Maria, cujo irmão Lázaro se achava enfermo, era a mesma
que ungiu o Senhor com bálsamo, e lhe enxugou os pés com os seus cabelos
3. Mandaram, pois, as irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que
está enfermo aquele que tu amas.
4. Jesus, porém, ao ouvir isto, disse: Esta enfermidade não é
para a morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja
glorificado por ela
5. Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro
6. Quando, pois, ouviu que estava enfermo, ficou ainda dois
dias no lugar onde se achava.
É
certo que Marta e Maria viviam naquele momento um drama familiar, a gravidade
da doença de Lázaro, as impulsionaram a recorrerem a Jesus. Pela conhecida
declaração que farão posteriormente a seu Mestre (se o Senhor estivesse
aqui...), é evidente que havia chegado ao ponto de perderem as esperanças na
restauração da saúde de seu irmão apenas com a utilização de recursos próprios.
Jesus era a única esperança para impedir o inevitável. A mensagem das irmãs era
uma súplica por socorro, em suas palavras elas apelam ao conhecido afeto que
Jesus tinha por seu irmão “aquele que tu amas”. Sim, a presença de Jesus
era urgente! O que as irmãs esperavam do Senhor, era que Este atendesse
imediatamente seus apelos, para que o milagre por elas aguardado acontecesse.
Porém, não era este o plano de Deus. Não era o caminho por elas traçado em suas
mentes, que o Senhor seguiria.
Quantas
vezes nós mesmos traçamos as soluções, determinamos o caminho, estabelecemos o
agir de Deus, mas os meios que o Senhor agi é infinitamente melhor, o caminho
por Ele traçado é perfeito, Ele é o Deus Soberano. “Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor, porque,
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos que os
vossos pensamentos.” (Isaías 55: 8,9).
O
homem preso as suas limitações, não compreende os Seus caminhos, e muitas
vezes com sua confiança oscilante sofre os altos e baixos na sua caminhada
cristã. “Por que estás abatida, ó minha
alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o
louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (Salmo
42.5). São
em circunstâncias de aflições que nossas emoções são inundadas pela ansiedade,
e que somos assombrados pelo medo. É imprescindível que compreendamos que o
único e eficaz modo pelo qual encontraremos passos firmes e seguros está na Sua
Palavra, ela nos revela Seu amor, Seu caráter. Quanto mais conhecemos de Deus,
mais fé fluirá. O Espírito Santo trabalhará em nossa mente e em nossos corações
💕,
apenas com aquilo que Ele encontrar, como pois poderá ser produzido fé se
estivermos vazios de sua Palavra?
Naquele momento as irmãs, tomadas pela
incerteza dos acontecimentos futuro, apenas esperavam uma única coisa, a
chegada de Jesus. Porém,
ao contrário daquilo que elas desejavam “... Quando, pois, ouviu que
estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde se achava”. Jesus estava
a pelo menos quarenta quilômetros de distância do seu amigo, mediante a
gravidade da doença de Lázaro, aquilo que se esperava de um amigo seria a
imediata e resoluta interrupção de seu trajeto, para ir em socorro de seu amigo
e atender o apelo angustiante de suas irmãs, mas o que elas não sabiam é que nos planos
de Deus o milagre a ser realizado era muito maior do que a cura de uma doença.
Devemos
nos submeter, sem reservas, a vontade de Deus, mesmo que não tenhamos respostas
aos nossos porquês, e que não consigamos ver os benefícios, mas pelo contrário,
tudo pareça desfavorável, façamos a oração de Habacuque “... Ainda que a figueira não floresça, nem haja
fruto na vide; e o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimentos...
todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação...” (Hb 3.
17,18). Somente o
Espírito Santo pode produzir em nossas vidas tal fé. Que o Senhor trabalhe em
nós!
Jesus
faz uma revelação surpreendente: “Esta enfermidade não é para a morte,
mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”
nesta afirmação Jesus não está negando a possibilidade da morte de Lázaro, mas
isto significaria que este não permaneceria morto. O Senhor mostra aqui que os milagres que
Ele realizou em seu ministério terreno, não foram apenas para o alívio dos
sofrimentos, mas eram, em primeiro plano, para a manifestação de sua Glória.
Deus encarnou, para manifestar-se aos
homens perdidos, “E o Verbo se fez carne e
habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória
como unigênito do Pai” (João 1:14).
O Senhor ao revelar-se a nós, não revelou
apenas o homem perfeito, mas revelou o próprio Deus, e ao nos dar isso ele nos
dá aquilo que sacia a nossa alma por completo, porque conhecer e glorificar a
Deus é a razão de nossa existência, a razão pela qual cada um de nós fomos
criados. A sua glória deve ser manifestada para que, assim, o glorifiquemos e
nos alegremos Nele. “ Porque dele, e por meio
dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”
(Rm 11.36). Portanto,
quando Jesus nos leva a situações confortáveis e desconfortáveis para se
revelar a nós Ele é misericordioso, Ele é amor.
Àqueles que não cumprem o propósito de sua
existência vivem uma vida vazia, e para preencher esse profundo vazio vivem uma
idolatria cega, substituindo Deus pelo próprio “eu”, adoram a si mesmos, seus
objetivos são a sua própria satisfação pessoal. A busca pelo prazer individual
como meio de satisfazer seu vazio, não tem limites, pois é impossível alcançar
a completude de sua satisfação longe de Deus.
“Mas sabemos que o homem
rejeita Deus porque prefere manter a própria imagem, como está escrito no
primeiro capítulo do evangelho de João: Os homens amaram mais as trevas do que
a Luz, porque suas obras eram más, (João 2.19). Contra todas as evidências
exteriores e interiores, o homem quer acreditar que é bom e não quer que seja
exposto sua maldade, a sua condição de pecador. Então, foge de Deus para manter
essa ilusão e continua pecando, até a própria destruição” (Norma Braga)
Passados
os dois dias Jesus propôs, para espanto dos discípulos, que voltassem para
Judéia. Para estes era difícil compreenderem o repentino desejo de Jesus em
retornar a uma região que recentemente havia sofrido uma tentativa de
apedrejamento. Porém nos versos 11, 13 e 14 o Senhor revela o propósito de seu
retorno à Judéia “Nosso amigo Lázaro
adormeceu, mas vou para desperta-lo” Segue-se um diálogo entre Jesus e os
Discípulos, estes não conseguem compreender o propósito de seu mestre, apesar
de Jesus revelar o estado em que se encontrava Lázaro, apesar destes já terem
presenciado os mais diversos milagres, inclusive outras duas ressurreições
realizadas pelo Senhor, sendo elas: a filha de Jairo (Marcos
5:22-42) e o filho da viúva de Naim (Lucas
7:11-18).
Muitas
eram as razões para a ocorrência do evento que se seguiria. O ministério
terreno de Jesus estava bem próximo de encerra-se, o privilégio que seus
discípulos desfrutavam da presença física de seu Mestre estava findando. Cada
acontecimento tinha um propósito didático, para aqueles que o Bom Mestre havia
escolhido para sua instrução pessoal, para uma intimidade mais efetiva “Ora, ali estava reclinado junto ao peito de Jesus um
de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava...” (João 13. 23) tal quadro aqui descrito não mais
ocorreria, pois breve seu mestre seria preso e crucificado. Fazia-se
necessário, quando estava tão próximo deste evento, o Senhor trazer mais um
precioso e extraordinário ensino a seu respeito, àqueles que seriam os portadores
de suas Palavras e testemunhas de seus feitos, portanto, os responsáveis para
dar continuidade ao ministério de seu Mestre. Daí a declaração de Jesus: “Lázaro
morreu; e por causa de vocês, para que possam crer, eu me alegro de não estar
lá, para que creiam; vamos, porém, ter com ele” (vs 14 e 15)
Quando Jesus se
aproximou da aldeia em que Marta e Maria moravam, Marta foi logo ao
encontro dele, enquanto Maria ficou em casa.
Temos aqui um mero relance da diferença de temperamento das duas irmãs,
lembrando a passagem bíblica de Lucas 10: 38-42, da agitada Marta e da
contemplativa Maria. Marta não esperou Jesus chegar ao lugar enlutado, mas
apressou-se em ir ter com seu Senhor, não podemos saber o que sucedia em seu
íntimo, mas diante dos acontecimentos, sabemos que havia profunda tristeza e
pesar no coração enlutado das irmãs, é fácil perceber isso nas palavras que
Marta proferiu a Jesus, era perfeitamente compreensível que devido sua limitada
natureza humana travasse uma luta, na qual a angústia que lhe abatia pela perda
inesperada de seu amado irmão a deixava tombar entre lados opostos, ora por
declarações de fé, e ora por palavras inseguras e de curta visão. Vamos olhar
de perto os versos a seguir.
21. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses
aqui, meu irmão não teria morrido.
22. Mas também agora sei que tudo quanto pedires a
Deus, Deus to concederá
23. Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.
24. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na
ressurreição do último dia.
25. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida;
quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;
26. E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca
morrerá. Crês tu isto?
27. Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o
Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo. (João 11:21-27)
Ao avistar Jesus Marta disse a conhecida frase
que também seria dito posteriormente por sua irmã: “Senhor, se tu estivesse aqui, meu irmão não
teria morrido” (Jo 11:21,32). Não se trata aqui de
palavras de censura, pelo fato de Jesus ter demorado ainda dois dias, mesmo
porque, era humanamente impossível, Jesus ter chegado antes da morte de Lázaro,
não havia amargura, mas sim profunda tristeza, tal expressão soou como um
gemido de lamento. Marta, assim como Maria criam que Jesus tinha poder para
curar seu irmão. Ela não só acreditava nessa possibilidade, mas declarou de que
também teria poder para fazer algo naquele momento, pelo menos é isso que dar a
entender no verso que se segue: “Mas também agora sei que tudo quanto
pedires a Deus, Ele te concederá”. Havia uma luz de esperança na sua
declaração. Poderia o Senhor ainda fazer algo? Sim, ela acreditava. Porém nas
suas palavras posteriores, essa esperança é obscurecida novamente, se observa
isso quando ela diz: “... Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do
último dia.” Essas palavras foram ditas após Jesus declarar-lhe o que
haveria de acontecer: “Teu irmão há de ressuscitar.”
É
importante esclarecer que a crença na ressurreição era aceito pela maioria dos
judeus, principalmente pela influência do ensino dos fariseus, portanto, era
comum utilizar-se desta crença como uma palavra convencional de conforto e
esperança para os enlutados. A resposta de Marta, mostra não só que ela tinha a
crença comum na ressurreição, mas que aquela luz de esperança, havia enfraquecido.
É interessante, vermos sua reação diante do sofrimento e enxergarmos nossa
própria natureza, nossa fragilidade humana diante das adversidades. De como
facilmente somos abatidos quando nuvens de tempestades nos cercam. Lembremo-nos
dos discípulos quando foram pegos por uma grande tempestade, embora Jesus
estivesse presente no barco, estes dominados pelo medo, suplicaram por socorro
(Mt 8. 25). Embora Jesus havia revelado a Marta o que Ele faria naquele dia,
esta afastou de si esta esperança. Temos o péssimo hábito de tender a pensar no
pior, olharmos nas circunstâncias da vida apenas para os aspectos negativos.
Somos absolutamente incapazes de produzirmos fé em nós mesmos, sem Ele nada
somos, nada podemos Ef. 2.8; Jd v3; devemos olhar para as circunstâncias da
vida como providência Divina, acreditando que a mão de Deus está por trás de cada evento. E se o medo e a
insegurança querer nos dominar, supliquemos à Jesus tal qual fez o pai do jovem
lunático: “Creio, ajuda-me a vencer a
minha incredulidade" (Mc 9. 24).
Temos
nos versos 25 e 26 o tema principal deste evento. Assim como a cegueira do cego de nascença, que viveu na
escuridão até o dia em que encontrou a Cristo,
servia para que a glória de Deus fosse revelada através da sua cura, revelando Jesus
como Luz do mundo (Jo 9,3-5). Ou em Cafarnaum depois de ter alimentado uma
multidão, Jesus não somente dá o pão do céu Ele mesmo é o pão vivo (Jo. 6:
27-35). A morte de Lázaro serviria para revelar Jesus como Ressurreição e Vida.
Mostrar a identidade Divina, revelar sua grandeza, ou ainda dar uma percepção
de sua glória, este era o propósito do trágico evento. “ Disse-lhe Jesus: Eu sou a
ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo
aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?”. As duas
palavras ressurreição e vida, assim como as duas afirmações: “ainda que esteja
morto, viverá” e “...todo aquele que vive...”, apesar de paralelas, não são
sinônimas, a primeira afirmação refere-se a expressão “ressurreição” e a
segunda afirmação esclarece a segunda expressão “vida”.
Vamos
analisar a primeira afirmação, “quem crê em mim, ainda que esteja morto,
viverá”. Esta promessa é para aqueles que creram em Jesus e passaram pela morte
física. Isto é mais do que um anúncio da ressurreição geral do último dia; é
uma previsão da ressurreição do próprio Jesus e a certeza de que aqueles que
nele creem, estando unidos a ele pela fé, participarão da sua vida ressurreta. “Mas de fato
Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dentre aqueles que
dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a
ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem .Pois da mesma forma como
em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados” (1 Coríntios 15:20-22).
Essa
é a esperança de todo crente, que no último dia todos aqueles que morreram
crendo nessa promessa, ressuscitarão. “ Porque, se
cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem,
Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do
Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos
os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de
arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro.” (1 Tessalonicenses 4:
14- 16)
Na
segunda afirmação, o crente é retratado da forma como ele vive aqui na terra,
ou seja, antes da morte. Lemos: “e todo o que vive...” espiritualmente
falando, seriam aqueles que morreram para o mundo e vivem em uma nova vida, não
fazendo mais a vontade da carne, mais são livres para fazer a vontade daquele
que os resgatou da escravidão do pecado “...e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a
pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gálatas 2:20)
“...e
crê em mim...” refere-se
a uma fé contínua, ou seja, acredita permanentemente nesta verdade. A
consequência desta crença será “...nunca morrerá”, isso significa
que nunca provará morte eterna, ou seja, o crente nunca será separado da
presença do Deus de amor. Viverá numa união eterna com Deus, numa aliança
inquebrável. “Até mesmo a morte física fracassa em extinguir a vida real do
crente; ao contrário, essa morte é lucro, pois ela o introduz no gozo completo
da vida” (William Hendriksen).
Assim sendo, a fé em Jesus Cristo nos faz
vencer a morte, pois ganhamos com a fé a vida eterna, e esta não tem mais
nenhum poder sobre o crente, pois, agora, sua vida está escondida com Cristo em
Deus (Cl 3.1). Na sua pessoa a vida e a volta a vida estão presentes. Portanto,
Ele é a ressurreição dos mortos e a vida dos vivos. Você crer nisso?
Essa foi a pergunta que Jesus fez a Marta e ainda soa esta mesma pergunta a nós
cristãos que vivemos neste presente século. Se de fato acreditamos nestas
verdades, a aceitação dele como fonte da verdadeira vida espiritual, nos conduz
a uma união vital com ele, de modo a vivermos com a vida de Cristo e possuirmos
uma vida sobre a qual a morte não tem poder. Se de fato crês nisso,
não tem do que temer!
Os
crentes dos primeiros séculos da era cristã, enfrentaram a morte com serenidade.
Foram 300 anos de perseguição a todos aqueles que professavam sua fé em Jesus
Cristo, estes foram submetidos a torturas, foram queimados vivos ou mortos nas
arenas romanas entregues às feras. Mas, estes não só compreenderam essa
verdade, como ela se tornou sólida e vívida em suas vidas. Viveram suas vidas
aqui na terra olhando para o céu, desejando sua verdadeira vida na eternidade.
Muito temos que aprender com os primeiros cristãos, acredito que o maior
impedimento para uma compreensão real de que Jesus não só nos dá a vida Ele próprio
é a vida, seja o apego a esta vida terrena e a tudo que ela oferece. Quantos
acreditam de fato como Paulo que morrer é lucro? “Porquanto,
para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fl1.21). Que o Espírito Santo
nos dê a compreensão espiritual destas verdades.
Após
Jesus revelar sua natureza divina, o Eu Sou a ressurreição e a vida. Marta
faz uma surpreendente declaração registrada no verso 27 deste capítulo. “Disse-lhe
ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir
ao mundo”. A
confissão de Marta torna-se ainda mais bela, dada à circunstância tão penosa em
que esta encontrava-se. Marta como seguidora de Jesus, havia escutado do
próprio Jesus declarações de quem Ele era, ela não só confessou acreditar ser
Ele a Ressurreição e a vida, como confessou ser Ele o Messias, o filho de Deus.
Muitos outros como Marta, também ouviram as declarações de Jesus a respeito de
sua pessoa, mas o rejeitaram, assim como muitos ainda hoje rejeitam ao verbo
vivo, ao Deus encarnado. Tal qual Marta, precisamos declarar com nossa boca
nossa crença, nossa fé. Ainda que isto seja contrário a crença da maioria e vá
de encontro aos pensamentos filosóficos que conduzem a cultura dominante da
sociedade. O Senhor nos chamou para sermos luz neste mundo de trevas, para
sermos sal numa sociedade estragada pelo pecado. Como faremos a diferença se
não declararmos em palavras ou demonstrarmos com nossas atitudes a verdade que
nos libertou. Precisamos evidenciar Jesus em nossa vida, falar a respeito Dele
e de sua obra expiatória.
Na narrativa de João ele trás outras
confissões que antecederam esta feita por Marta. Como a de João Batista, quando
ele diz “Vejam o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo. 1.29). De André no verso 41
que afirma “Encontramos o Messias” e ainda no mesmo capítulo temos as declarações
de Filipe “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se
referiram os profetas”; de Natanael “Rabi, tu és
o filho de Deus, tu és o Rei de Israel” nos versos 45 e 49. Temos ainda a belíssima
declaração de Pedro no capítulo 6 e versos 68 e 69 “Senhor,
para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e temos crido e sabemos
que tu és o Santo de Deus”. Estes confessaram sua fé e viveram de acordo com suas
confissões, suas obras ainda hoje testificam Daquele a qual eles creram e por
quem viveram e morreram. Que o Senhor faça de nós suas testemunhas, levando a
mensagem que liberta aos que se encontram acorrentados pelo pecado.
Após
a gloriosa confissão de Marta, esta retornou a sua casa onde se encontrava sua
irmã Maria e em particular lhe disse: “O Mestre chegou e te chama”. O
chamado de Jesus foi atendido imediatamente por Maria, que apressadamente foi
ao encontro de seu Senhor, não deixando de chamar a atenção daqueles que lá se
encontravam com o intuito de consolar as irmãs enlutadas, estes a acompanharam
chegando com ela ao lugar onde se encontrava Jesus. Assim como sua irmã, Maria
disse a Jesus “Senhor, se tu estivesse aqui,
meu irmão não teria morrido”, mas ao que parece Maria era mais emotiva que sua
irmã, pois sua declaração foi feita prostrada aos pés de Jesus, de
acordo com o verso 35, Maria chorando, numa atitude de reverência e adoração se
joga aos seus pés. É comovente pensar neste cenário, mesmo enlutada pela perda
e tomada pelo sofrimento da separação, esta ainda encontrou razão para adorar à
seu amado Senhor. Essa não foi e nem haveria de ser a única vez em que Maria
estaria aos pés de Jesus, esta esteve a seus pés ansiando por ouvir suas
Palavras de vida, quando este se hospedou na casa de sua irmã, mesmo que tenha sofrido censura e
repreensão, nada lhe afastou de seu Mestre e de sua Palavra. Agora sentindo o
amargor do sofrimento que lhe abatia, foi aos pés de Jesus que esta buscou o
consolo da sua alma em meio as lágrimas e adoração. E será ela a protagonista
de uma da mais bela demonstração de adoração, devoção e gratidão registrada nos
evangelhos de João, Marcos e Mateus, quando próximo a crucificação de Jesus,
Maria irá ungir a Jesus e após derramar-lhe um vidro contendo precioso perfume,
esta num ato de devoção, enxugará seus pés com os próprios cabelos. Temos três
contextos diferentes com atitudes semelhantes, no primeiro episódio citado um
ato de escolha e devoção, no segundo um ato de adoração mesmo no sofrimento e o
terceiro um ato de amor e gratidão. Em todos os episódios descritos, Maria
estava aos pés de Jesus, não se importou com as críticas e censuras daqueles
que estavam ao seu redor, ela tão somente desejava está na presença daquele que
amava, receber sua Palavra de vida, seu consolo e declarar publicamente seu
amor e gratidão.
“Jesus, vendo-a chorar, e
bem assim os judeus que a acompanhavam, agitou-se no espírito e comoveu-se. E
perguntou: Onde o sepultastes? Eles lhes responderam: Senhor, vem e vê! Jesus
chorou.” (João 11:33-35)
Temos aqui no evangelho de João uma
descrição da reação de Jesus diante do quadro apresentado neste capítulo. Assim
como a deidade de Jesus é revelada neste evento glorioso, sua humanidade também
é apresentada, ou seja, aqui temos a glória de Deus revelada em Jesus através
de um milagre e temos também o homem perfeito, que no corpo suportou o cansaço,
a fome, o sofrimento e a dor, porém foi imaculado, tudo isso suportou na carne
sem ter cometido pecado algum.
No
primeiro momento ao ver toda a situação, Jesus “agitou-se no espírito”. O
significado literal do verbo agitou-se é “bufou-se de indignação”. Mas o que
realmente causou a indignação de Jesus? Segundo a maioria dos comentaristas,
toda a sua ira estava voltada para o pecado, afinal todo aquele panorama
apresentado era em consequência do pecado. Foi por causa do pecado que a morte
sobreveio à humanidade, assim como o sofrimento, a dor, as doenças e todas as
demais mazelas humanas. Portanto, os danos do pecado podiam ser facilmente
visto no choro de Maria e de seus amigos.
O
segundo termo “comoveu-se” significa ficou conturbado, estremeceu, aqui indica
que Jesus não só sentiu indignação pelo pecado como simpatia por aqueles que
choravam. O verbo indica que era visível os sentimentos de Jesus, ele “estava
tremendo”. Isto era tão certo que no verso 35 mostra que Jesus chorou, na
tradução original “irrompeu em lágrimas”. Para alguns pode ser difícil imaginar
tal cenário, por tratar-se de Jesus, aquele que é Deus, que sabia tudo o que
sucederia, pois este por ser Deus é onisciente e onipotente. Mas, não podemos
esquecer de sua humanidade, que apesar de ser apresentado no evangelho de João
como o Verbo encarnado, e mesmo sabendo o que iria fazer, este poderia sentir
tristeza e simpatia. Portanto, indignado com o pecado e com tudo aquilo que ele
causou como o sofrimento e a dor e comovido pela tristeza daqueles ao seu
redor, vendo o choro de Maria e daqueles que acompanhavam, disse o Senhor: “Onde
vocês o sepultaram?”
Após
ficar “conturbado” Jesus “irrompeu em lágrimas”. Verdadeiramente o Verbo eterno
encarnou e compartilhou da sorte comum da humanidade, ele poderia condoer-se da
fraqueza de seu povo, pois ele mesmo foi provado na escola do sofrimento. “Porque
não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas,
antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado”
(Hb 4.15).
Na tradução da linguagem de hoje este versículo é traduzido do seguinte modo: “O
nosso Grande Sacerdote não é como aqueles que não são capazes de compreender
nossas fraquezas.
Pelo contrário, temos um Grande Sacerdote que foi tentado do mesmo
modo que nós, mas não pecou.” As lágrimas de Jesus eram a expressão do seu
amor por Lázaro, por suas irmãs e por aqueles que lá se achavam, que por
conhecerem aquele que é Luz e vida, estavam nas trevas e mortos em seus delitos.
Suas lágrimas eram de compaixão pura e santa daquele que é o Sumo Sacerdote.
Suas lágrimas eram a demonstração de um amor inigualável, perfeito e
incomensurável, que levou ao Deus homem a morte sacrificial, para que através
de sua morte tivéssemos vida, ele derramou lágrimas para que as nossas fossem
enxugadas (Ap 7.17)
38 Jesus, outra vez profundamente comovido, foi até o sepulcro.
Era uma gruta com uma pedra colocada à entrada.
39 Tirem a pedra, disse ele. Disse Marta, irmã do morto: Senhor,
ele já cheira mal, pois já faz quatro dias.
40 Disse-lhe Jesus: "Não lhe falei que, se você cresse, veria
a glória de Deus?
41 Então tiraram a pedra. Jesus olhou para cima e disse:
"Pai, eu te agradeço porque me ouviste.
42 Eu sabia que sempre me
ouves, mas disse isso por causa do povo que está aqui, para que creia que tu me
enviaste.
43 Depois de dizer isso,
Jesus bradou em alta voz: "Lázaro, venha para fora!
44 O morto saiu, com as mãos e os pés envolvidos em faixas de
linho, e o rosto envolto num pano. Disse-lhes Jesus: "Tirem as faixas dele e
deixem-no ir" (João
11:38-44)
Jesus
ainda comovido com toda aquela situação se dirigiu para o lugar onde Lázaro
havia sido sepultado, a sepultura era semelhante a uma caverna ou uma escavação
feita na rocha e possuía uma pedra vedando sua entrada. E diante dos olhares
curiosos daqueles que lá estavam, Jesus ordenou a remoção da Pedra. Esse pedido
trouxe incômodo a sempre prática e preocupada Marta. De forma impulsiva ela
expõe sua preocupação: “Senhor, ele já cheira mal, pois já
faz quatro dias” A
tão pouco tempo Marta havia feito uma declaração de fé a respeito da pessoa de
Jesus, mas, agora por um breve momento ela oscila em sua fé, e ao invés de
fixar seu olhar e seus pensamentos em Jesus, sua atenção vai para o irmão
morto. Seu olhar foi para direção errada, não devemos olhar as circunstâncias,
mas nosso olhar deve está na promessa e no autor da promessa. Jesus a trouxe de
volta para si, quando lembrou-lhe da promessa que lhe havia feito: "Não
lhe falei que, se você cresse, veria a glória de Deus?” Nele está a verdade,
Ele é a verdade e a vida! Louvado seja o Bendito de Deus!
Embora
Jesus houvesse preparado aos discípulos, assim como as irmãs de Lázaro, para o milagroso
evento que ocorreria, ainda assim, o surpreendente e extraordinário acontece.
Após a remoção da pedra que vedava o túmulo, e uma oração simples de
agradecimento feita por Jesus, este em alta voz chama o morto a vida. Lázaro
ressurge de dentro da sombria caverna, ainda atado e preso em faixas de pano, e
com um lenço em sua cabeça. Este tão glorioso acontecimento não só levou muitos
a crerem em Jesus, mas também serve como alegoria para aquele grande dia, no
qual aqueles que morreram em Cristo ouvirão o chamado vivificante e
ressuscitarão, mas diferente de Lázaro que continuou sua vida mortal, os salvos
receberão um corpo glorificado e numa vida ressurreta adentrarão as portas da
eternidade e viverão ao lado de Jesus para sempre.
Que o Senhor nos ajude a guardar todas as
verdades reveladas neste texto, que estas verdades fiquem registradas em nossas
mentes, que tenham significado prático
no nosso agir e jamais se aparte de nossos corações. Amém