sexta-feira, 20 de abril de 2012

A organização de ambientes infantis na Escola Bíblica Dominical


 Esse estudo foi dado num curso preparatório para professores de Escola Dominical, na Igreja Presbiteriana de Macapá, sequido de uma oficina, onde cada professor confeccionou materiais didático e organizaram as salas de aulas.

1. Ao se planejar a organização de uma sala de aula deve-se observar em princípio os seguintes aspectos: O aluno, o espaço e o tempo. 
1.1. O ambiente deve ser criado centrado no aluno.
O primeiro ponta a ser observado ao se planejar a organização se uma sala é o grupo alvo, existem características comuns a determinadas faixas etárias, que  deverão ser do conhecimento do professor para que, ao se propor a organização do ambiente, este venha atender as inúmeras necessidades dos alunos, que respeite suas limitações e que possa contribuir de forma decisiva no processo de aprendizagem. Ao se pensar no espaço, não se deve ter em mente o que é melhor para o professor, mas, o que é melhor para o aluno, é nele que deve está focado seu alvo. Jesus que é o Mestre dos mestre nos deixou seu exemplo, Ele demonstrou que se preocupava com cada aspecto dos seus alunos, fossem eles físicos (Mateus 14: 13-21); emocionais (Marcos 5: 1-20); sociais (Mateus 9: 9-12); intelectuais (Lucas 4:22) e espirituais (I João 4: 1-30). É função de quem trabalha com crianças descobrir como comunicar-lhes as verdades espirituais de modo que compreendam, respeitando-se seus limites intelectuais, quanto menor for o aluno, menor será o tempo da lição, maior deverá ser o investimento nos recursos visuais e se obterá maior eficácia ao permitir aos pequeninos o uso dos seus sentidos no processo de aprendizagem.
 O ambiente de um berçário por exemplo, precisa de espaço, principalmente para os que estão engatinhando, deve-se ter pouca mobília, ao invés de cadeiras e mesas, dispõe-se colchonetes e emborrachados, brinquedos que não representem perigo e que possam ser facilmente lavados, deve-se manter o chão sempre limpo, as pessoas que adentrarem, devem estar com protetores nos pés, posto que os bebês estarão em contato com o chão, as cores da sala de tons suave, música em volume baixo, móbiles coloridos, os adultos nunca devem elevar o tom da voz, sentir-se seguro é fundamental para a permanência destes neste ambiente, seria importante que nessa sala tivesse um banheiro de uso exclusivo. Como observaram no exemplo dado, todos os detalhes estão voltados para atender as necessidades do aluno, sejam elas, física, psicológica, afetiva e principalmente espiritual.
  
1.2. O espaço deve ser projetado de modo que ofereça...
Podemos relacionar uma série de aspectos que devem ser observado no espaço físico onde serão ministradas as aulas. O imóvel deve apresentar condições adequadas de localização e acesso, segurança, salubridade, saneamento e higiene e ainda um espaço amplo que possibilite as crianças um ambiente aconchegante e estimulante, que possam movimentar-se e desenvolver sua capacidade de expressão, imaginação e curiosidade.
 Enfim, poderíamos ainda enumerar mais aspectos, porém, nossa proposta é trabalhar com as possibilidades, posto que a realidade das inúmeras igrejas espalhadas pelo Brasil é a mais variada possível. As instalações que as igrejas dispõe para o ensino da EBD são diversificadas, muitas destas não dispõe de salas de aulas, realizando-se suas aulas, num único espaço, ou seja, o salão da própria igreja, e às que possuem salas de aula variam em tamanho e conforto, enquanto umas são espaçosas, arejadas e até mesmo modernas, outras são limitadas e antiquadas. Não importa qual seja o espaço que sua igreja tenha para o funcionamento da EBD, mas o que importa é o seu empenho para criar oportunidades de um ensino que evangelize e conduza as crianças a salvação; e de um ensino que edifique e conduza as crianças salvas a crescer no conhecimento de Deus (Romanos 10:14). Você deve concordar que o “sucesso” do ensino dos apóstolos dependia mais de sua dedicação, do que qualquer outro aspecto (Atos 5: 40-42), sejam quais forem as dificuldades, não podemos parar de ensinar as verdades das Sagradas Escrituras.
                   
1.3.  O estabelecimento de uma sequência de atividades num determinado espaço de tempo, é antes de tudo, o resultado da leitura que fazemos do nosso grupo de alunos, a partir, principalmente, de suas necessidades. É importante que o professor observe o que seus alunos mais gostam de fazer, em que espaço preferem ficar, o que lhes chama mais atenção, em que momento estão mais tranqüilos ou agitados, este conhecimento é fundamental para que a estruturação espaço-tempo tenha significado. Por exemplo, deve-se lembrar que o ato de brincar é algo muito sério para a criança, e que ela pode aprender com mais eficácia se for explorado todos os seus sentidos.
A partir deste conhecimento deve-se criar um espaço e estabelecer uma rotina que atenderá as necessidades e as limitações daquele grupo. Todos os momentos são importantes e devem fazer sentido para a criança. Exemplos: (hora da chamada: a criança deve entender que é importante ela está ali; hora da oração: que Deus quer ouvir o que ela têm para lhe dizer; hora da história: Deus quer falar-lhe; hora da atividade: que ela precisa compartilhar aquilo que aprendeu; hora do cântico: Deus está ouvindo e recebendo o seu louvor; hora de brincar: que ela deve mostrar o quanto gosta dos coleguinhas). Esta foi a rotina que desenvolvi no período que trabalhei com o maternal, dentro dela criei um ambiente para cada atividade. Para a hora da chamada por exemplo, confeccionei em e.v.a uma árvore com grama, flores, nuvens, pássaros, sol, e as fotos das crianças nas frutas que ficavam escondidas, todas as vezes no momento da chamada eu brincava com elas, fazendo suspense, antes de revelar a foto de cada uma, criava-se primeiro um ambiente de expectativa e posteriormente de satisfação quando eles viam seus rostinhos na árvore, cada rostinho revelado era muito comemorado por todos, isto fazia com que a criança se sentisse acolhida e amada. Fiz um relógio bem colorido e animado e todas as vezes que íamos passar para a atividade seguinte, eu mudava a posição dos ponteiros.
 O estabelecimento de uma rotina, a criação de um ambiente para cada atividade da mesma, proporciona maior eficácia na aprendizagem, fica mais fácil de se alcançar os objetivos traçados pelo professor ao planejar sua aula, diminui o problema de indisciplina, e, principalmente, cria-se um ambiente seguro, fato imprescindível para os pequeninos.     

2. A organização da sala de aula deve atender os seguintes princípios:
2.1. Funcional
A definição do material produzido pelo professor e que fará parte do ambiente de sala, deverá ter um objetivo funcional, ou seja, deverá direcionar-se para o aprendizado do aluno. Os cartazes se constituem em ferramentas eficientes no acervo pedagógico que tornarão o ensino mais eficiente, e não um mero papel de parede que possuem apenas a função decorativa. Portanto, devemos ter o cuidado de não “enchermos” as paredes de cartazes, muitos deles sem nenhuma função, causando um “atravancamento” visual. Esteja na parede somente aquilo que está sendo utilizado, retire os materiais de unidades anteriores, mantenha murais, quadros de avisos, pedidos de oração, aniversariantes do mês e outros sempre atualizados e faça referência a eles regularmente.    
2.2. Simples
Cuidado com os exageros, pois, em vez dos cartazes estarem ajudando poderão estar criando uma confusão mental na cabeça do aluno, se você carregar as paredes de informações, preenchendo todos os espaços disponíveis, não existindo um ponto para descansar a vista, o atravancamento fará que o aluno não esteja de fato enxergando os cartazes, outra questão é a impossibilidade de você utilizar todos os recursos em uma única aula, portanto, a maioria estaria apenas ocupando espaço, sem ter necessariamente uma utilidade. 
2.3. Flexível
A organização da sala de aula para proporcionar um trabalho diversificado, não pode ser fixa, inicia-se com o básico, e, na medida que forem sendo traçados os objetivos, vão-se compondo o ambiente com os cartazes e materiais que servirão de suportes pedagógicos para o professor. Na medida que se vai trabalhando o currículo da EBD, vai-se renovando o ambiente, ou seja, atualizando o material didático, proporcionando ao aluno uma escola dinâmica e “viva”.
2.4. Pessoal
Ao se planejar a organização da sala, deve-se pensar individualmente em cada aluno, atendendo as necessidades de cada um. Por exemplo, deve-se ser sensível às alergias que seus alunos possam ter, evitando-se acúmulo de pó, tapetes, cortinas, carpetes, pelúcias; se o lugar for quente, com a colaboração da igreja providencie ar condicionado ou ventiladores, no caso deste último, tenha o cuidado de manter os fios fora de alcance. Abrir as janelas pode esfriar uma sala, mas também pode aumentar a umidade e entrar barulho e poluição, assim, você precisa descobrir o que é melhor para seus alunos. Verifique se a iluminação está adequada para a leitura, se possível maximize o uso da luz natural e do ar, embora nem todos os ambiente têm a garantia de janelas, luz natural e ar fresco, mas se tiverem faça uso. A maioria das salas de aula recebe um grupo diversificado, podemos ter aluno com deficiências auditiva, da visão, dificuldade de locomoção, problemas crônicos respiratórios, etc. Você teve pensar individualmente em cada aluno dando a todos de forma igual garantia de aprendizagem.

3. Crie um ambiente organizado:
A maioria das atividades de aprendizagem, que realizamos nas classes infantis, geram bastante bagunça, fora a “mania” que a maioria dos professores possuem de entulhar materiais que já foram utilizados, na crença de que tudo será  reaproveitável, embora, de fato podemos reutilizar algumas coisas, mas, não podemos fazer da sala de aula nosso depósito particular. A sala de aula pode ser não só um ambiente mais eficiente para o aprendizado, mas um lugar onde seus alunos gostam de estar.
 
3.1. Guarde e identifique os materiais.
Você pode aproveitar recipientes como: potes de sorvete, latinhas vazias, caixas, vasilhas plásticas e etc, para decorar e organizar os materiais utilizados na E.B.D, e para melhor ordenamento devem ser devidamente etiquetados.

3.2. Crie um fluxo para entrada e saída de materiais.
Sua sala de aula não é um lugar estático, imutável, têm que haver um fluxo de entrada e saída, tenha “coragem” e jogue no lixo o que for desnecessário, arquive as lições de unidades anteriores, posto que, serão utilizadas posteriormente, por falta de organização, já presenciei o extravio de bons materiais. Não acumule material e mantenha seus cartazes sempre atualizados. O aluno perceberá a sua dedicação.

3.3. Use as atividades para manter a organização.
Envolva os alunos, na organização da sala de aula e sua manutenção, isso se constituirá em aprendizado para os alunos, não só dará senso de compromisso e responsabilidade, como, este se sentirá mais “dono” dela. A criança gosta de se sentir útil, ao confiar a ela alguma tarefa, você estará demonstrando a sua confiança nela, e, esta por sua vez, lhe responderá certamente, depositando sua confiança na pessoa do professor. Exemplos de trabalhos em classe: ajudante do dia, monitor de materiais, apontador de lápis, técnico de plantas (molhar a plantinha), etc.     

4. Cantinhos ou zonas circunscritas.
A proposta de trabalhar em cantos de atividades diversificadas é uma modalidade de organização do espaço que oferece várias possibilidades de atividades ao mesmo tempo, de modo que as crianças possam escolher onde estar e o que fazer.
  Esses cantos são excelentes recursos pedagógicos para se trabalhar com os menores. Consideram a necessidade de acesso, por exemplo, a brinquedos e atividades de expressão plástica, incluindo ainda atividades, tais como roda de história, leitura, lanche, etc.
Experimentei esta proposta de trabalho quando ensinava a classe do maternal, que correspondia a crianças na faixa etária de um à três anos, e foi surpreendente o resultado. Eles se tornaram muito mais participativos, se integravam sem dificuldades nas diferentes atividades que desenvolvíamos nas manhãs de domingo. As atividades iniciais eram desenvolvidas com todos juntos, somente no segundo momento de cada aula é que eles tinham esse espaço para exercitar sua autonomia com propostas diversificadas que lhes eram oferecidas. Eles primeiramente percorriam um trajeto de atividades pré-determinadas, onde, cada uma delas era facilmente identificadas por eles. Os cantinhos que foram criados foram: da leitura, de brinquedos, da massinha, de cânticos, de desenho/arte. Outras sugestões de cantos: cantinhos das artes plásticas, cantinhos de jogos, cantinho da banda musical, cantinho do teatro (fantoches), cantinho do faz-de-conta (baú ou caixa com objetos e roupas que fazem lembrar histórias da bíblia).  

5.  Desenvolvimento de projetos de incentivo.
Dependendo dos objetivos que se estabeleça, o projeto pode ocupar alguns domingos ou o ano todo, permitindo uma organização flexível do tempo. Os projetos que têm um maior período de duração dão ao professor a oportunidade de compartilhar com os alunos o planejamento das tarefas e sua distribuição no tempo: uma vez fixada a data em que o produto final deve estar elaborado, é possível discutir um cronograma retroativo e definir as etapas que será necessário percorrer, as responsabilidades que cada grupo ou aluno deverá assumir e as datas que terão de ser respeitadas para se alcançar o combinado no prazo previsto. O desenvolvimento de qualquer projeto pode ser elaborado e definido num simples cartaz. Exemplos: Memorização dos livros da Bíblia, leituras bíblicas, projetos missionários, memorização de referências bíblicas, projetos de cunho evangelístico, de oração e etc.
6. Atividades de conhecimento.
Se dá com a retomada dos conteúdos em diferentes oportunidades e a partir de perspectiva diversa. O professor irá avaliar o conhecimento do aluno se utilizando de uma estratégia que sempre funciona com as crianças, que é a brincadeira. O ato de brincar é fundamental para o desenvolvimento saudável de qualquer criança, é uma necessidade intrínseca da criança, portanto, nós como professores não podemos ignorar este fato. A brincadeira é uma atitude social, imaginativa, cooperativa. Tirar da criança o seu direito de brincar é tirar o colorido de uma paisagem. Portanto, sou favorável que num ambiente de sala de aula, crie-se um espaço para uma atividade que dará a oportunidade da criança aprender brincando, nós temos hoje, muito material literário trazendo uma infinidade de idéias de jogos e brincadeiras educativas, só precisamos nos apropriarmos deste material.   
7. Espaço interativo e informativo
É no espaço físico que a criança e o adolescente irá estabelecer relações entre o seu mundo e as pessoas, é importante que a Escola Dominical que desenvolve uma educação cristã, poça construir um ambiente social de acordo com os preceitos bíblicos, que se estabeleça um convívio de amor cristão e amizade, que estes compreendam que por meio da obra sacrificial de Cristo, passamos a fazer parte da família de Deus, portanto estamos unidos em Cristo por meio da adoção.
Deve-se criar mecanismos de integração entre os alunos. Um exemplo de atividade integradora é a comemoração do aniversariante do mês, temos também utilizado nas classes dos adolescentes o espaço interativo, onde eles compartilham, informações, mensagens, curiosidades, vai depender da criatividade do professor em utilizar de acordo com a necessidade de sua classe. Pode-se fazer também, quadro de avisos, painéis informativos, calendários de programação, e outros mais. 
8. Atividades habituais.
As atividades habituais, são aquelas que se reiteram de forma sistemática e previsível, durante todo o período da escola bíblica dominical, oferecem a oportunidade de interagir intensamente com um gênero determinado em cada faixa etária, e, são particularmente apropriadas, para se comunicar certos aspectos do comportamento da criança. Esse se difere dos projetos por serem permanentes, não tem um tempo de duração e nem uma culminância, porém, tais como os projetos de incentivo, precisam ter seus objetivos traçados. A atividade habitual mais comum é o plano de freqüência, este irá variar de acordo com a faixa etária. Na classe dos adolescentes, que é o grupo que estou trabalhando atualmente, substituí a tradicional chamadinha, por um cartaz intitulado “To na área”. Como funciona? Ao final de cada aula eu distribuo um pequeno papel onde cada aluno faz uma observação referente a lição estudada, sendo que, no domingo seguinte, a revisão da lição anterior é feita a partir da leitura de cada papel, anexado ao cartaz. Podemos dar outros exemplos como: ajudante do dia, pedidos de oração, versículos memorizados, desafio da semana, combinados, etc.

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